Cemitério do Campo
(Santa Bárbara do Oeste – SP)
(Santa Bárbara do Oeste – SP)
A cidade de Santa Bárbara do Oeste teve origem em uma fazenda de engenho de açúcar, em 04 de dezembro 1818. Seu crescimento populacional se deu a partir de 1867, com imigrantes norte-americanos que ali se instalaram trazendo novos métodos agrícolas e por colonos de origem européia, principalmente italianos, que dirigiam-se à lavoura. Hoje, as flores, o verde, o desenvolvimento e a criatividade fazem parte do dia-a-dia dessa cidade com mais de 169.735 habitantes, distante 130 km de São Paulo e com uma qualidade de vida excepcional.
O Cemitério do Campo iniciou em 1867, com o falecimento de Beatrice Oliver, esposa do Coronel Oliver, um dos muitos imigrantes americanos que se estabeleceram neste município a partir do ano de 1866. Esse coronel possuía uma fazenda no Bairro do Campo. Na época, o cemitério do município pertencia à igreja católica, que proibia o sepultamento de não católicos no local. Com isso, os imigrantes sepultavam seus mortos em áreas próximas as suas casas.
Pouco tempo depois da morte de Beatrice, o coronel perdeu também suas duas filhas, que também foram sepultadas no Campo. A partir disso, ele destinou uma área de aproximadamente um hectare para que as famílias americanas pudessem sepultar seus mortos.
Atualmente, mais de 400 pessoas estão sepultados nesse Cemitério, que possui também uma área de recreação onde a Fraternidade de Descendência Americana realiza suas reuniões trimestrais e, anualmente, a Festa Confederada Brasil-Estados Unidos. O Cemitério tornou-se então referência da Colônia Americana, recebendo visitantes de várias partes do país e do exterior.
Percorrendo as estradas de terra em meio a canaviais, nos limites das áreas rurais das cidades de Americana e Santa Bárbara do Oeste, chega-se ao Cemitério do Campo. Localiza-se no Bairro do Campo, na Av. dos Bandeirantes, com acesso pela estrada do Barreirinho. Trata-se de um tipo de cemitério rural composto por inúmeras árvores que sombreiam túmulos dispostos em blocos esparsos numa área de 2.000 m². Ele é administrado pela Fraternidade de Descendência Americana, entidade que congrega terceira e quarta geração de descendentes de americanos que se estabeleceram na região desde 1866. Trata-se de uma associação civil que tem como finalidade a manutenção do patrimônio do cemitério, divulgar a história da imigração e estimular a “amizade, a filantropia e a cooperação mutua entre os descendentes” (Gussi, 1996).
Os imigrantes – americanos sulistas – encontraram em Santa Bárbara a esperança de um porvir. A contrução do Cemitério do Campo pelo Coronel Oliver simboliza a consolidação do grupo no Brasil e isto está registrado no Obelisco Comemorativo, que consta os nomes dos familiares dos primeiros descendentes de americanos confederados.
O Cemitério do Campo tornou-se para os descendentes de americanos no Brasil o espaço de lembranças dos mortos e também de reformulações das identidades americanas reafirmadas pelas reuniões trimestrais do grupo e pela Festa Confederada Brasil-Estados Unidos, realizada anualmente no mês de abril. Nestas festas os ideais sulistas da Guerra da Secessão são estrategicamente resgatados pelos descendentes americanos.
Ele tem uma distribuição das lápides muito particular: Cada membro da família procura comprar o espaço de sua lápide próximo dos familiares que já estão enterrados. Esse agrupamento contribui para a reconstrução de um passado idealizado e segregador justificado pela valorização contínua da família de descendência americana.
O Cemitério é uma instituirção cultural da sociedade ocidental. A preservação do seu patrimônio é uma das formas de legitimá-lo, assim como as atividades artísticas e culturais realizadas in loco.
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